Nasceu no dia 07.01.1911 na época da enchente do rio
jacobina em um lugar chamado Rio da Prata em Araci. Viveu a sua juventude e vive
até hoje no povoado Campo do Eloi, a 33 km de Araci. Ela conta que quando chegou ao distrito de
Pedra Alta, o lugar tinha em média 20 casas, e o povo vinha pro Raso
(Araci) fazer feira.
Dona Cantú, como é chamada, trabalhava na roça, fazia
esteira, tirava lama de tanque, e já amansou muito burro brabo. Conta que já
foi umas três viagens para a cidade de Tucano
a pé levando cesto de banana pra vender, e também foi várias vezes à Santa Luz.
"-Tô muito boa das vistas, tô com as vistas curta mais ainda
enxergo, meu problema é só as pernas que estão fracas, mais durmo o dia todo, e
ainda tenho sono pra dormir a noite”,
diz ela rindo.
A alimentação da época, era peixe que ela mesmo pegava e
fazia pirão e farofa, nem feijão conhecia direito, tomava café com leite, café com farinha, umbuzada e comia animais de caça.
"- Já mim casei, só nunca
tive filhos, namorar naquele tempo, nem namorava, apenas se via, e só iria
ver depois de 5, 6 anos pro casamento, e ainda depois que casava, ficava
de 6 à 7 dias na casa dos pais até que o noivo vinhesse buscar. Quando a moça se
perdia(perdia a virgindade), o pai levava para outras bandas(lugares distante),
para que as outras mulheres não soubessem, e só iria casa-se com 50, 60 anos de
idade". Conta dona Cantú emocionada.
“-Nos ficávamos num rio, quando o povo falava de Lampião,
(Rei do Cangaço) a gente corria pro mato com medo, Eu, meu Pai, minha Mãe e
meus Irmãos, ficávamos de baixo de um pé de umbuzeiro escondidos. Ele andou pela
fazenda Gameleira(à 5 km de Pedra Alta), e ele matava os animais e só comia
a parte da frente, a parte de traz do animal ficava jogada, minha Mãe e meu
Pai, ia buscar a carne que ficava, e ainda escolhia as partes melhores, as ruim
ficavam para os urubus”. Fala Cantú com clareza.
Sobre São Paulo, ela conta que nem se ouvia falar, conta que
o povo só falava de Pedra Alta, Araci, Tucano, Santa Luz, Serrinha e outros lugares da redondeza.
Dona Cantú hoje vive com o sobrinho e a família dele.
Com clareza, ela se lembra de muita coisa, não tem nenhum problema de memória,
e esta muito bem de saúde.
Imagens
Dona Cantú só reclama das pernas que estão fracas
Casa onde dona Cantú morava
Por: Toni Jr